domingo, 1 de agosto de 2010

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Artigo

Plantas medicinais

31/07/2010 02:00



A utilização de plantas na arte de curar é uma forma de tratamento com raízes muito antigas, relacionada aos primórdios da medicina e fundamentada no acúmulo de informações através de sucessivas gerações. Ao longo dos séculos, produtos de origem vegetal constituíram as bases para tratamento de diferentes doenças.

O homem, durante o processo de evolução, utilizou de diversas maneiras os recursos oferecidos pela natureza, com a finalidade de buscar condições para sua sobrevivência e melhor adaptação ao meio em que vive. O desenvolvimento do conhecimento humano veio da necessidade de compreensão da relação homem/natureza e domínio do universo para o uso em seu próprio benefício.

No processo histórico das plantas medicinais, muitas civilizações descreveram a utilização de ervas e outros vegetais, como forma de medicamento, em seus registros e manuscritos.

A arte de curar, em tempos primitivos, era essencialmente mágica, sendo empregado um reduzido número de plantas em rituais carregados de misticismo e religiosidade.

A flora medicinal constitui um arsenal terapêutico de enorme importância. Em toda a história, registra-se que os medicamentos surgiram da simples observação. O século XVII em particular foi aquele que abriu as portas para o conhecimento científico da medicina e, embora a arte de cura tenha sido refinada, as plantas continuaram a ocupar uma posição de destaque, o que permaneceu como paradigma até o nosso século. Apesar do desconhecimento sobre o verdadeiro poder das plantas e a ação de seus princípios ativos, alguns cientistas representaram etapas marcantes no desenvolvimento da ciência, desmistificando que a cura das doenças era responsabilidade dos deuses, assim foi com Hipócrates (460-377 a.C.), Theophrastus (300 a.C.), Catão (243-149 a.C.) e Mithridates IV (100 a.C.), para citar apenas alguns. Em um estágio mais avançado do uso das plantas medicinais, foram criadas teorias e observações que contribuíram para a fitoterapia atual.

No século XIX, a humanidade deparou-se com um diverso e inesgotável arsenal terapêutico presente nos vegetais. Na primeira metade do século XX, os produtos de origem vegetal foram esquecidos, temporariamente, em decorrência do grande sucesso dos compostos químicos obtidos dos microrganismos capazes de curar infecções graves. O advento da Revolução Industrial proporcionou a produção em larga escala de vários tipos de produtos, incluindo medicamentos. Na nascente indústria farmacêutica era grande o interesse pelas plantas medicinais, estudando-se sua composição e os efeitos farmacológicos de seus distintos constituintes. Apesar da massificante industrialização, alguns médicos mantiveram o emprego de ervas em sua totalidade, utilizando-as in natura. Desse modo, tomou corpo a fitoterapia, ramo da alopatia que utiliza plantas medicinais como base terapêutica. Nas três últimas décadas, as pesquisas com plantas geraram diversos princípios químicos com atividades farmacológicas importantes.

Desde 1977, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem encorajado o estudo de plantas tradicionais com a esperança de obter os benefícios que isso poderia possivelmente fornecer. De acordo com esta organização, cerca de 65 a 80% da população mundial não têm acesso ao atendimento primário de saúde e recorre à medicina tradicional, especialmente às plantas medicinais, na procura de alívio para seus males. A própria OMS não só reconhece, como também estimula o uso de plantas medicinais pela população de países pobres, embora recomende cuidados especiais no seu uso através da distribuição de manuais para orientar estudos científicos, que confirmem sua segurança e a eficácia clínica.

Estima-se que existam aproximadamente 500 mil espécies de plantas no mundo, das quais cerca de 120 mil podem ser encontradas no Brasil, o país com a maior cobertura vegetal em todo o globo e detentor de notável biodiversidade.

Apesar do decorrer dos milênios, o homem ainda busca soluções para vários problemas de saúde. O consumo de produtos de origem vegetal decorre, basicamente, do fato de esses produtos representarem terapias de menor custo em relação àquelas normalmente oferecidas pela indústria farmacêutica. A manutenção da saúde é uma das grandes preocupações humanas tanto em âmbito coletivo, em termos de saúde pública, quanto individual. Neste contexto, produtos naturais obtidos de plantas demonstram ter um valor incalculável para a sociedade, contribuindo, significativamente, para a melhoria da qualidade de vida da população. A utilização ponderada e racional das plantas medicinais como suporte terapêutico pode ser considerada como uma forma simples, de baixo custo e bastante eficaz de
promover a saúde.

Kátia Maria da Silva Parente - Profª. doutora da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA)

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